terça-feira, 1 de março de 2011

Sinédoque, Nova York

Sobrou para mim a tarefa (árdua) de escrever para esse blog sobre as sensações ao assistir ao filme Sinédoque Nova York, exibido ontem à noite (28/2), no Centro de Artes Cênicas (CAC) Walmor Chagas, dentro da programação do Cineclube Magneto. Confesso que ainda estou atordoada e incomodada e que desejo assisti-lo novamente.

O filme é a primeira direção de Charlie Kaufman (“Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e “Quero ser John Malkovich”), e tem como protagonista o magnífico Philip Seymour Hoffman. Quantas perguntas:

Como identificar o limite entre realidade e ficção? Como lidar com nossos medos, anseios, desejos, neuroses, angústias? Os caminhos que trilhamos são exatamente aqueles que queremos “nos” encontrar? As nossas incertezas, as nossas dúvidas nos fazem ficar diante da morte? A morte é as nossas incertezas? O filme é catártico! Conta história de um diretor de teatro que passa por uma crise em seu casamento. Após exibir sua mais nova peça, sua esposa e sua filha mudam-se para a Alemanha. Ao mesmo tempo recebe a informação de que ganhou um prêmio, uma espécie de incentivo, para construir sua mais nova peça.
É um personagem submisso e que é simplesmente levado ao fluxo dos acontecimentos. Ao longo do filme, parece acumular a dor dessa submissão, sempre em um processo de reflexão interior, sem nunca compartilhar essa dor.
Durante esse processo de esclarecimento, começa a construir a sua "peça", cuja proposta é reproduzir suas dores, suas angústias e seu silêncio.

Tudo passa a ser o simulacro que anestesia o que existe como seu drama pessoal. É um filme maravilhoso por deixar existente esse paralelo entre a realidade e aquilo que reproduzimos sobre ela. Para quem faz teatro é obrigatório assistir. Sobre o ser e estar! A certeza e a dúvida! Sobre a dualidade de tudo! Sobre o homem! É... tudo a ver para quem faz teatro...ou não!



Andréia Barros

Nenhum comentário:

Postar um comentário