Porque montar e remontar Nelson Rodrigues em pleno século XXI?
CM: Essa foi a pergunta que norteou a decisão de retomar um trabalho de sucesso já realizado por nós, no início da década de 90. E a resposta não demorou muito a aparecer, pois a companhia estava mais madura, às vésperas de completar seus 18 anos de atividade, e, portanto, pronta para um mergulho radical na busca da teatralidade do ator, enquanto Ser Criador de uma obra de arte. E nada melhor que se “retrabalhar” numa obra do Nelson.
O que o levou a este mergulho na teatralidade?
CM: Esta busca foi proveniente da inquietação do desconhecido e da necessidade de desenvolvimento do ator.
Quando se deu o trabalho?
CM: Iniciamos este processo de trabalho com Toda Nudez Será Castigada, no final de 2005 e mas em cada montagem existe sempre uma descoberta, uma mudança, uma evolução.
Discorra um pouco mais sobre essas descobertas provenientes de uma montagem já concebida.
CM: Ao longo de dois anos, a obra de Nelson foi revista e revisitada até chegarmos neste resultado. Ao mesmo tempo que despojada, esta atual montagem, alcançou uma ousadia estética e de interpretação, comprometida com a grandiosidade de um texto sintético, preciso e intenso do dramaturgo.
O que norteou o seu trabalho como Diretor nesta remontagem?
CM: Buscamos subsídios nos instintos humanos, na Narrativa, no Épico e na teatralidade dos mestres do Teatro. Durante o processo, muitas ferramentas utilizadas pelo ator nos permitiram traduzir para a cena todas as contradições aparentes nas relações humanas, dentro do símbolo macro que é a "família" e do "círculo" familiar propriamente dito.
Você rompeu com o antigo cenário e trouxe para cena os espectadores. Para finalizarmos, conta um pouco sobre essa concepção circular.
CM: Rompemos o espaço cênico, por necessidade e por desnudamento do elenco e da platéia. Avançamos. Trouxemos o espectador para dialogar conosco. Acabamos com a comodidade da platéia e fizemos "circular" sobre ela, todas as imagens contadas e vivenciadas por cada uma das personagens. E por isso a concepção circular da encenação. Ao mesmo tempo núcleo e ao mesmo tempo célula.
entrevista por Carla Maciel
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