por Sílvio Ferreira Leite
Jornalista, escritor, educador
Maria Peregrina é um daqueles raros espetáculos que falam direto ao coração. Durante todo o tempo de apresentação, há uma troca constante de olhares entre os atores e o público, um diálogo que gera proximidade a tal ponto, que não deixa outra alternativa senão o mergulho na realidade que se manifesta no palco.
A peça fala de um acontecimento local, mas transcende o mundo restrito dos fatos narrados. Vai além de um tempo passado e de uma personagem cultuada pela gente simples. Mostra a dimensão humana e seu entrelaçamento com o amor, a amizade, a religiosidade, a família, a ingenuidade e a maldade de alguns, o que coloca o espectador em contato consigo mesmo e com o fato da vida.
Há muita poesia, sentimento, emoção, beleza e humor. E não há nada capaz de romper o arrebatamento que se estabelece durante o desenrolar da narrativa, pois impera a simplicidade no jeito de falar, de cantar, nos cenários, nos figurinos, na iluminação, na direção. Uma simplicidade muito difícil de atingir, mas que Luís Alberto de Abreu, o autor, traduz em palavras e a Cia Teatro da Cidade realiza com o talento de quem vive o que gosta.
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