Um dia pensei em desafio, mas quando penso nisso em minha
profissão, fantasio tanto, e quando este tal desafio chega não sei muito o que
fazer com ele, porque acabei vendo que o desafio está mesmo no cotidiano, no
corriqueiro, acabei percebendo com este novo trabalho desafiador o quanto viver
é uma grande aventura. (Aliás, todo novo trabalho é um grande desafio).
E isso não está em pular de pára-quedas ou escalar uma
grande montanha, a aventura desafiadora da vida está dentro de nós mesmos, é
saber lidar com nossas angustias, é saber aceitar que diante de alguns fatos, e
às vezes os mais simples nós somos ridículos. Sim somos ridículos!! E fazemos
coisas que por muitas vezes não compreendemos, sim fazemos! Julgamos pessoas e
situações. Sim Julgamos! Procuramos os grandes heróis da vida o tempo todo. Sim
procuramos!
O Tchekhov tem nos ensinado muitas coisas belas e simples, “que
talvez daqui a cem ou duzentos anos vão ser compreendidas”...
A delicadeza do Samir, a maneira com que ele nos presenteia
com personagens tão próximo de nós, e tão próximos do Tchekhov, muitas vezes,
sem pretensão nenhuma, me lembra as histórias do Tam (Teatro de arte de Moscou)
e a angustia de seus intérpretes, que muitas vezes não entendiam os textos do
autor que eles tanto trabalharam.
E aí está ele novamente O Desafio, estamos a um mês de nossa
estréia, e os desafios não param de chegar, acho angustiante, mas saboroso,
porque acho que no fundo nós artistas gostamos mesmo é de ficar incomodados, de
se sentir perdido pra se achar no palco, se reinventar a cada instante... E
como eu gosto!
Ana Cristina Freitas
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