quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

centro de ação



Mestre Janô já havia nos provocado recentemente: é preciso descobrir quais são os exercícios necessários para o que buscamos enquanto atores.
Este é o Santo Graal da nossa busca.
Nesse terceiro dia de treinamento avançamos um pouco mais em nosso trabalho corporal.
Os exercícios de alongamento propostos pela Adriana são preciosos instrumentos para expandir / dilatar os corpos cansados de cotidiano e rotina. Começa em partes específicas do corpo e num dado momento, tomamos consciência de todo o nosso corpo.
Em seguida a corda, como “guia” para prontidão e concentração.
com os bastões, primeiro o trabalho individual, ao caminhar pela sala com o bastão equilibrando-se na palma da mão e o olhar (sempre ele!) atento e focado. Depois, outro exercício de treinamento dos samurais: troca de bastão 4x1. Nesse exercício, especificamente, experimentamos as sensações as quais Bergson se refere em seu “Matéria e Memória”.
Em seguida – ainda com os bastões – todos em círculo e a movimentação do grupo (em sentido horário e depois anti-horário) segue uma liderança natural, estabelecida pelo olhar.
Ao final do treinamento de bastão, o corpo responde melhor a estímulos externos, à memória, corpo este em prontidão para o processo criativo do ator.
Na última parte do treinamento, lemos mais um capítulo da obra de Bergson e Vander puxou a discussão do seguinte paradoxo: entre o aprendizado teórico (Bergson) e um ator mais preparado para a cena (resultado esperado, aplicação prática desejada), onde ficam os exercícios que fazem a “ponte” entre um e outro?
Essa discussão durou quase uma hora e foi de suma importância para chegarmos à conclusão que, os tais exercícios que buscamos estão registrados na trajetória que cada um carrega. Os processos de ensaio dos espetáculos, das performances, os diversos workshops que realizamos ao longo dos anos, etc.
Wallace sugeriu que cada um rememore exercícios fundamentais que já experimentaram em outros processos e os traga para aplicarmos em nosso treinamento.
Andréia sugeriu que criemos pequenas cenas a partir da nossa relação com o nosso espaço de trabalho – CAC Walmor Chagas. E que, ao darmos tratamento de exercícios cênicos a estas cenas, possamos comungar / dividir / compartilhar com o público, nossas descobertas.
Às vezes, conversas dessa natureza, fazem com que enxerguemos nossos pontos fracos e nossas potências.
Ao enxergarmo-nos podemos finalmente estar presente “de forma pura” para o outro. O espectador. O companheiro de cena. O ator-jogador, o performer.
Interiorizar-se. Limpar camadas, chegar à essência.
O impulso vem do interior e contagia o externo.
A troca com o outro. O gesto exato. A troca do que é vital com o outro.
Estar inteiro. Estar.
São coisas como essas que estabelecem princípios de teatro de grupo.
Eis aí nosso centro de ação: teatro de grupo não se faz só com ideologia e discursos estéticos.
Se faz – principalmente – com o “estar presente”.

Portanto, estiveram, estão: Adriana Barja, Ana Cristina Freitas, Andréia Barros, Vander Palma e Wallace Puosso.

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